Investimento anjo é um termo pomposo para algo muito simples: investimento de indivíduos em pequenas empresas com grande potencial de crescimento e retorno.
Investimento anjo é um termo pomposo para algo muito simples: investimento de indivíduos em pequenas empresas com grande potencial de crescimento e retorno. Anjos normalmente investem valores que variam entre R$ 200 mil e R$ 1 milhão em negócios chamados early stage, que estão em fase inicial. Os riscos existem, mas o potencial de retorno para este modelo de investimento é alto.
O investidor anjo é uma das maiores fontes de capital para negócios que estão em estágio final de validação, auxiliando no crescimento ao compartilhar sua experiência e promover o negócio na sua rede de contatos. Este tipo de investimento se popularizou muito no Brasil nas últimas décadas, ganhando destaque inclusive em programas de TV.
Alguns economistas costumam dizer que o termo investidor anjo nasceu nos Estados Unidos na década de 1920 para nomear empresários que investiam nas produções teatrais da Broadway. Convencer investidores de que, mais do que uma boa ideia, existe um plano de negócios consistente e que se sustenta sempre foi um grande desafio.
O empreendedor, no início de um grande projeto, precisa provar seu diferencial competitivo para sobressair-se no mercado. Pensando nisso, destaco alguns pontos importantes para quem tem interesse nesse tipo de investimento ou se tornou um investidor anjo recentemente.
Antes de mais nada, é importante que a oportunidade esteja inserida numa tendência de mercado. Para isso, é fundamental que o investidor esteja antenado com as mudanças de comportamento dos consumidores e consiga distinguir entre tendências de longo prazo e "febres do momento". Por exemplo, investir em uma fábrica de laticínios veganos e não em uma franquia de frozen yogurt. Apesar de serem semelhantes, por estarem ambos na indústria de alimentos, um está associado a uma tendência global de consumo de alimentos à base de plantas, enquanto o outro é um produto específico pelo qual as pessoas se apaixonam e “desapaixonam” num piscar de olhos.
Além da tendência de mercado, é importante investir em um negócio que tenha potencial de lucratividade. E eu uso a palavra potencial aqui de forma muito assertiva. Não é necessário que a empresa seja lucrativa desde o início, já que a maioria dos negócios revolucionários não o eram. É importante que haja uma previsão de lucratividade no médio prazo. Para essa avaliação, é imprescindível que se tenha um modelo de negócios bem estruturado, com uma planilha que preveja as receitas e custos para os próximos anos.
Com esse modelo de negócios em mãos, é possível prever quanto tempo vai levar para que o negócio comece a gerar lucro e as metas de receita para que isso ocorra. Importante levar em consideração a possibilidade de evitar metas de receitas agressivas, que colocam em risco a operação. Entre as alternativas, está a de direcionar esforços em negócios que se auto sustentam e crescem de forma orgânica.
Mesmo com uma boa ideia ainda é possível existir um grande risco de entrega. E esse risco é menor à medida que o time é mais capacitado. É essencial que o time seja estudioso e bem informado para as novas tecnologias aplicadas ao seu negócio. Além disso, é importante que essas pessoas tenham experiências de trabalho relevantes para o desafio que estão enfrentando.
A inteligência emocional é outro fator que deve ser considerado, pois é fundamental para liderar pessoas e superar obstáculos. Portanto, escolher uma oportunidade que tenha um time qualificado pode ser o melhor negócio. É possível saber mais sobre os profissionais e seus interesses por meio de perfis no Linkedin e outras redes sociais para se certificar de que são de fato um "dream team".
Com certeza você já ouviu falar do método do “Fluxo de Caixa Descontado”, um método estruturado e assertivo para definir o valor de uma empresa levando em consideração a projeção futura de todo o lucro que essa companhia dará no futuro. O que ninguém talvez saiba é que esse método não funciona para startups.
Diferentemente de empresas listadas na bolsa, que possuem uma miríade de dados históricos e um crescimento constante ano a ano, startups estão em fase de desenvolvimento e tem muita incerteza em relação a suas entregas futuras. Talvez a empresa dobre o faturamento ano após ano pelos próximos cinco anos, ou talvez ela mantenha a receita estável no mesmo período. A verdade é que é impossível saber. Por isso, ao investir em um negócio em fase inicial de maturidade, é bom empurrar essa conta para frente.
A aceleradora Y Combinator, muito bem-sucedida e relevante no mercado de investimentos semente, criou um formato de investimento chamado SAFE (Simple Agreement for Future Equity). O SAFE é um contrato de dívida entre o investidor e a investida que dá ao investidor a possibilidade de converter essa dívida em participação no futuro quando a empresa estiver mais madura e for possível fazer uma análise mais assertiva de seu preço. Existem alguns mecanismos de beneficiamento do investidor, tais como desconto no valuation da rodada futura ou o teto no valor do valuation.
Em caso de ter planos para entrar em uma sociedade como investidor financeiro, torna-se fundamental definir as regras de governança. Isso pode ajudar a ter mais controle sobre o investimento e ajuda a empresa a realizar uma melhor gestão de seus recursos. A governança é um dos grandes valores adicionados por um investidor anjo a um negócio. Com a entrada de investidores financeiros, o time de empreendedores passa a ter uma responsabilidade de controlar de forma mais profissional os recursos financeiros e humanos, o que a leva a focar nas estratégias de maior eficiência.
Definir as regras por escrito antes do aporte é fundamental para garantir que a gestão do investimento seja bem sucedida pelos próximos anos. Qualquer tipo de dúvida pode ser sanada por um advisor especializado em M&A. Não é preciso inventar a roda, muitas regras eficientes já são praxe do mercado.
Uma vez que todo o processo de análise e negociação esteja concluído, agora é hora de colocar tudo no papel. Para evitar contratempos, o investidor anjo precisa obter informações em relação à saúde financeira da empresa investida. Dívidas, sobretudo trabalhistas, podem afetar investidores financeiros, mesmo que no caso de empresas limitadas. Além disso, é importante desenhar um formato de investimento que seja eficiente do ponto de vista tributário, para que o retorno não seja consumido por impostos na hora de recolher dividendos ou liquidar a posição.
Crie sua carteira e invista com um suporte ideal
Para garantir sucesso e segurança no investimento, a consultoria de um advogado especialista em fusões e aquisições é parte do negócio. Atualmente, é possível encontrar no mercado nacional gestoras de investimentos que oferecem todo esse serviço de estruturação. Investir certo é mais do que encontrar boas oportunidades, é investir no ativo da forma certa.